A participação da família no ambiente escolar: um olhar sobre os alunos do projeto Mão Amiga.


Jaqueline Ticiana Scherer[1]
deixaprajaque@hotmail.com
Orientadora: Ms. Rosana Beatriz Ansai[2]
ansairosana@yahoo.com.br
UNESPAR/FAFIUV, CAPES/PIBID, subprojeto Mão Amiga.

INTRODUÇÃO

A sociedade atual vivencia uma confusão entre os valores existentes, tanto éticos quanto morais, estes têm afetado diretamente o ambiente escolar.

Diante desse contexto, cabe refletirmos sobre como é importante que seja realizado um trabalho em conjunto entre os pais e a escola, para que se tenha consciência e se dê a devida atenção à importância fundamental que a família desempenha na vida escolar e na formação das crianças. Passando, assim, a família a colaborar de forma efetiva com a escola no processo de educar, compartilhando responsabilidades de forma igualada. Mas, ao mesmo tempo, a escola não deve se esquecer de respeitar as diferenças e os limites que cada família possui, ressaltando nesse entremeio os pontos positivos, sendo que o principal o objetivo deste estudo foi averiguar com quais pessoas as crianças atendidas pelo subprojeto Mão Amiga residem e qual é a relação que estabelecem com as mesmas.

Com base no cotidiano dos alunos participantes do subprojeto Mão Amiga[3], nota-se a enorme influência dos familiares na maneira como as crianças desenvolvem-se no ambiente escolar.

DESENVOLVIMENTO

Partido das ideias de Larsch (1991) pode-se concluir que sociedade vem passando por algumas transformações, as quais afetam diretamente as bases de formação das famílias, contribuindo para a reformulação de suas constituições.

De acordo com Porot (1954) para a criança, a família exerce função de ser o grupo que possibilitará o contato inicial de integração com toda uma sociedade, em que ela aprenderá, descobrirá, cometerá erros que lhe serão corrigidos, enfim, a família fará com que a criança adquira experiências, descubra sobre o mundo e sobre as culturas, sendo que quando as crianças têm um bom convívio em seu ambiente familiar, recebem constantes estímulos, são auxiliadas nas lições de casa.

Seguindo as ideias do autor, conclui-se que quando os pais/responsáveis participam ativamente na educação de seus filhos no ambiente escolar, em conjunto com as professoras, nas reuniões escolares e em atividades extraclasses, as crianças tenderão a ter um melhor desenvolvimento, contanto, os alunos que se defrontam com pais que não estão presentes no processo de desenvolvimento, onde não há existência de participação e auxílio quando se trata de assuntos escolares, as crianças tenderão a desempenhar um menor rendimento escolar e a possuir a autoestima prejudicada, pois, antes de tudo, a criança tem necessidade de ter bons exemplos e segurança quando está em contato com a sua família, desta forma, quando uma criança tem uma relação estável e saudável no âmbito familiar, sendo aceita pelos seus similares, isso repercutirá em seu convívio no ambiente escolar e no contato com os outros alunos e professores, já, no caso em que os pais são extremamente ausentes, o sentimento de desvalorização e carência afetiva resultará em desconfiança, desinteresse, insegurança e improdutividade que são, muitas vezes, os grandes responsáveis pelas dificuldades de aprendizagem (POROT, 1954).

Estes fatos evidenciam-se nas informações obtidas com base na coleta de dados fornecidos pelos responsáveis dos alunos participantes do subprojeto Mão Amiga, nota-se claramente a existência de uma variedade de constituições familiares. Como se pode comprovar no Gráfico 1, que foi constituído a partir da pesquisa realizada.

Vale ressaltar que, ao todo, foram encaminhados 87 (oitenta e sete) questionários aos responsáveis dos alunos do subprojeto Mão Amiga. No entanto, somente 17 (dezessete) questionários retornaram preenchidos.
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2012.

Na coleta de dados, verifica-se que 28% das crianças residem apenas com a mãe, sendo ela a responsável legal. No entanto, a grande maioria convive diariamente com a mãe e o pai, sendo uma parcela de 59%, dentre estes alguns têm, em conjunto, convivência com os seus tios e irmãos. Algumas crianças aparentemente não têm nenhum elo com o lado paterno da família, segundo as respostas dissertativas: “não se sabe, sumiu” “não sei (não mora junto)”.

Estas disparidades no que compete à disposição de membros da família podem ser supridas se existir, segundo Terán (2010, p.199), “[...] a presença de um grupo familiar estável e consciente, com limites claros. É importante esclarecer que não se trata necessariamente de pais que vivam juntos [...]” e sim de pais/responsáveis que possuem uma boa relação e comuns acordos entre regras e deveres que devem ser cumpridos por seus filhos.

Vale salientar que a família deve sempre apoiar e incentivar a criança em todos os momentos, independente de suas habilidades ou erros. Um aspecto de “valor inquestionável é a tentativa de trazer os pais à escola, para que compartilhem com os mestres os propósitos dos conteúdos que serão trabalhados” (ANTUNES, 1999, p.46), fazendo assim com que o trabalho da escola ganhe mais forças, pois os pais terão consciência que seus filhos estão adquirindo conhecimentos e, ao mesmo tempo, estarão cientes das dificuldades que os mesmos poderão vir a ter, afinal a infância é uma parte fundamental para o desenvolvimento de varias áreas de conhecimento.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para este estudo é caracterizado segundo o procedimento técnico utilizado como pesquisa de campo onde “estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seus componentes” (GIL, 2002 p.53). A pesquisa é descritiva, pois se investigou as informações por meio de questionário, que foi elaborado pelo pesquisador e direcionado à população específica deste trabalho, sendo que o mesmo foi validado. A população da pesquisa é constituída por alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, matriculados em escolas públicas. A amostra contou com a participação dos alunos do subprojeto Mão Amiga, a qual de desenvolve na Escola Municipal Professor José Moura, Escola Municipal Fruma Ruthenberg e na Escola Municipal Padre João Piamarta que se localizam no município de União da Vitória, Paraná.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, deparamo-nos com as mais diversificadas formações familiares, em conformidade com Porot (1954, p.21) “É a família um dos organismos notável pela sua universalidade. Qualquer que seja o seu tipo sociológico, poligâmico ou monogâmico, exo ou endogâmico, a família existe na espécie humana” e ela é um dos auxiliares na formação das crianças.

Segundo os dados apresentados anteriormente, as crianças na sua maioria convivem com o pai e a mãe diariamente, estando sob a responsabilidade de ambos. Com o auxílio da revisão bibliográfica pode-se concluir que as ações e as relações familiares têm um papel vital à determinação do futuro da criança, daí a necessidade de se atuar em conjunto com a escola. Quando as relações entre a família/escola/criança são sadias, há uma maior facilidade no aprendizado do educando, podendo ser evitado os mais diversos tipos de traumas e dificuldades que podem ocorrer neste processo de ensino aprendizagem.

Este trabalho nos abre os horizontes para a importância de uma investigação mais detalhada quanto à influência que as relações familiares exercem nas dificuldades de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional: novas estratégias. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GÔMES, Ana Maria Machado; TÉRAN, Nora Espinosa. Dificuldade de Aprendizagens: detecção estratégia de ajuda. São Paulo: Grupo Cultural, 2010.

LASH, Cristopher. Refugio num mundo sem coração. A Família: santuário ou instituição sitiada? São Paulo: Paz e Terra, 1991.

POROT, Maurice. Criança e a Família. Rio de Janeiro: Editora fundo de cultura, 1954.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

ZAGURY, Tania. Educar sem Culpa: a gênese da ética. 22. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005


[1] Graduanda do 2º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIUV. Bolsistas do subprojeto Mão Amiga desde 2012. Formada no Magistério.
[2] Mestre em Educação, coordenadora do subprojeto Mão Amiga.
[3] O subprojeto Mão Amiga do curso de Pedagogia da UNESPAR/ FAFIUV é parte integrante do Projeto Ações em Sociedade: Observações na Natureza, financiado pelo Programa de Iniciação à Docência PIBID/ CAPES.

Trabalho publicado no II Encontro PIBID/UNESPAR.
Educação Básica e Ensino Superior: Interrelações para a produção do conhecimento.
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