Processos de dificuldades no ensino e aprendizagem e a relação professor-aluno neste contexto.


Maria da Luz Stenzel[1]
stenzel.maria@yahoo.com.br
Orientadora:  Ms. Rosana Beatriz Ansai[2]
ansairosana@yahoo.com.br
UNESPAR/FAFIUV, CAPES/PIBID, SUBPROJETO MÃO AMIGA

1  INTRODUÇÃO

O estudo tem como finalidade conhecer alguns tipos de problemas de aprendizagem e verificar quais os distúrbios que envolvem alunos no processo de ensino-aprendizagem. Ressaltando pontos que possam apresentar fatores e comportamentos ou que possam ser causa ou consequência dessas dificuldades.
A dificuldade de aprendizagem e relacionamento faz parte do cotidiano de inúmeras crianças em fase escolar. Dessa maneira e a partir de concepções metodológicas no exercício das aprendizagens docentes do Subprojeto Mão Amiga da UNESPAR/FAFIUV, parte integrante do Projeto Ações em Sociedade observações da natureza financiado pelo Programa de Iniciação à Docência PIBID|CAPES[3], tem vital importância para o incentivo e superação de alunos com dificuldades de aprendizagem. Com o propósito de contribuir no processo de ensino-aprendizagem, dentro dessas perspectivas verificar e analisar a relação professor-aluno ressaltando pontos importantes que estimulam o diálogo, o respeito e a afetividade entre ambos com o intuito de proporcionar um ensino e educação de qualidade.
O presente trabalho teórico-bibliográfico se desenvolverá por abordagem qualitativa objetiva conhecer algumas dificuldades e seus processos, em relação ao déficit de aprendizagem, quais fatores que desencadeiam esses distúrbios e perceber a relação entre o professor e o aluno, compreendendo suas implicações através do tempo sua evolução e obstáculos que surgem a fim de entendê-los em suas maneiras comportamentais de diálogo, respeito e afetividade. Entendendo melhor esse universo educacional que levará o aluno a desenvolver valores dentro de si, por meio de atitudes positivas direcionadas ao seu crescimento intelectual e bem estar social.

2 DESENVOLVIMENTO

Por meio de estudos constata-se que uma boa relação entre professor e aluno, principalmente em alunos com alguns distúrbios é fundamental representar um esforço para o equilíbrio emocional, essa relação se completa através do diálogo, da livre expressão e da interação social. Nota-se que a relação professor aluno teoricamente pode ser abordada sob muitos aspectos e em várias consoantes a orientação e propostas deste estudo é voltado para evidenciar a realidade existente em nossas escolas e circunstâncias da vida atual. Conforme Santos (1957, p.15):

[...] resultante da necessidade de se adaptarem aos processos de ensino aos caracteres biológicos e psicológicos da infância é o do conhecimento do mecanismo complexo e sutil da aprendizagem. Sendo que dos fatores que presidem a sua dinâmica, das condições que favorecem a sua realização e das variações que pode apresentar-nos diferentes tipos de educandos.

De acordo com Moogen (1999), os termos distúrbios, transtornos, dificuldades e problemas na aprendizagem têm sido utilizados de forma aleatória, tanto na literatura especializada como na prática clínica e escolar para designar quadros de diagnósticos diferentes. Afirma ainda que, ao lado de um pequeno grupo de crianças que apresentam transtornos de aprendizagem decorrente da imaturidade do desenvolvimento e/ou disfunção psico-            -neurológico, existe um grupo maior de crianças que apresentam baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados ou em interação. 
Kiguel (1991) afirma que por muito tempo estudou-se fatores individuais, tais como problemas neurológicos e psicológicos. Estes foram utilizados para explicar índices alarmantes do fracasso escolar. Sendo que “[...] no Brasil nos anos 70 foi difundido o Rótulo de Disfunção Cerebral Mínima para crianças que apresentam como sintoma proeminente, distúrbios na escolaridade”. (Kiguel, 1991, p.24).     

Collares e Moisés (1992, p.31), analisaram o conceito de distúrbios de aprendizagem do ponto de vista etimológico. Assim sendo, “[...] em síntese a palavra distúrbio pode ser traduzida como ‘anormalidade patológica’, por alteração violenta na ordem natural”.
Os autores mencionados dizem que a expressão distúrbio de aprendizagem tem se expandido de maneira assustadora entre professores, apesar da maioria desses profissionais nem sempre conseguir explicar claramente o significado dessa expressão ou critérios em que se baseiam para utilizá-la no contexto escolar.
De acordo com Haydt (2006, p. 58) “[...] a construção do conhecimento é um processo interpessoal. O ponto principal do processo interativo e a relação educando e educador. E esta relação não é unilateral, pois não é só o aluno que constrói o conhecimento”. Desta forma, entende-se que o aluno constrói seu conhecimento através da participação, desenvolve e assume atitudes modificando e ampliando suas estruturas mentais. Em contrapartida, o professor é atingido nessa relação, aprendendo com seu aluno na medida em que consegue compreender como este percebe o mundo, os valores e habilidades que traz de seu ambiente familiar e social. Em consequência dessa relação, o professor passa a conhecer novas formas de perceber, revendo comportamentos, desfazendo preconceitos, mudando atitudes, alterando posturas instaurando-se um processo de intercâmbio no qual o diálogo é de fundamental importância. Como afirma Haydt (2006):                
   
Nessa relação o professor fala, mas também ouve, ou seja, dialoga com o aluno e permite que ele aja e opere mentalmente sobre os objetos, aplicando à realidade circundante seus esquemas cognitivos de natureza operativa. (Haydt, 2006, p. 62).               
     
De acordo com Kullok (2002), falar da relação professor aluno implica inicialmente a apresentar algumas considerações acerca do processo ensino–aprendizagem, visto que essa  relação não ocorre de forma isolada fora do contexto escolar  e que qualquer processo de transformação da realidade escolar deverá necessariamente ter um dos principais elementos constitutivos a valorização do professor e do ato de ensinar. Conforme Freire (2010, p.49), “pensar certo e saber ensinar não é transferir conhecimento, é fundamentalmente pensar certo”. Já Tardelli (2003) diz que onde o indivíduo faz descobertas reais e encontra soluções mais justas, para seus problemas, entendendo a importância de suas atitudes, e que elas envolvem respeito, dedicação, buscando engajamento, pesquisa, troca, participação e descobertas Ainda Tardelli (2003) analisa o diálogo no mecanismo do debate entre as inteligências, onde considera cada qual responsável por seus próprios atos alcançando o mérito da estima e do respeito que se traduz pela tarefa de reconstrução de si mesmo. Também argumenta que: “O professor pode a partir do diálogo, buscar a reflexão dos alunos e o estabelecimento da cooperação na construção das regras do grupo” (TARDELLI, 2003, p.106) . Acredita-se que o sistema educacional não deve preocupar-se somente com o desenvolvimento tecnológico, mas também com o avanço criativo e também dos aspetos afetivos e sociais do sujeito aprendente que se desenvolve através do contato com educadores e pesquisadores do saber.
Kullok (2002) mostra que a relação professor aluno deve ser uma ação em equipe, onde juntos pesquisam construindo o conhecimento. Definindo objetivos e metas a atingir, estabelecendo recursos adequados eficientes desenvolvendo uma aula participativa. Quando necessário formar círculos, “[...] e em outras ocasiões que as aulas aconteçam em outros espaços como cinemas, pátios, passeios. Para que o conhecimento ocupe o centro da relação pedagógica é preciso que a transferência afetiva dê lugar aos sentimentos ternos e a curiosidade” (KULLOK, 2002, p.10).               
É imprescindível que no contexto escolar se articule a afetividade com a aprendizagem nas mais variadas situações, considerando essencial na prática pedagógica. Portanto, de acordo com Tardelli (2003), a sala de aula deve ser um espaço de formação, de humanização, onde a afetividade em suas diferentes manifestações possa ser usada em favor da aprendizagem, pois o afetivo e o intelectual são faces de uma mesma realidade, da afetividade o desenvolvimento humano. A importância da afetividade implica no ato de ensinar e aprender, quando é descartada, influencia nos processos inconscientes e na aquisição e elaboração do conhecimento.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa se desenvolverá por abordagem qualitativa a qual comporá de referencial teórico em relação a dificuldades de aprendizagem. E, em um segundo momento, far-se-á um delineamento comportamental na relação professor-aluno, relatando pontos importantes como: diálogo, respeito e afetividade entre professor-aluno, na ação pedagógica e outras demandas.

Conforme Lakatos e Marconi (1999, p.166), as técnicas de pesquisa têm como “[...] finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito, dito sobre determinado assunto”. Relato que a relação entre as professoras (bolsistas) e os alunos da Escola Municipal Padre João Piamarta, de União da Vitória, torna-se amigável, pois segundo relatos dos alunos, eles gostam muito de participar do Projeto Mão Amiga e não tendem a faltar nas aulas e, na medida do possível, estão sempre nos homenageando. No dia do professor os alunos do projeto nos fizeram uma linda homenagem, cantaram e nos entregaram cartões confeccionados por eles mesmos.
No dia 28 de novembro o aluno C. da 3ª série me presenteou com um lindo vaso de flor, a aluna M. e R. e o aluno G., com desenhos. Observando-os, constatei que todos são alunos que necessitam de afeto e atenção, e que estão superando as dificuldades no aprendizado. Portanto, não temos muitas dificuldades em nos relacionar com esses alunos do Projeto Mão Amiga. Conforme relatos abaixo, podemos verificar:

“Não tenho nenhum problema com os alunos que possuem Dificuldade de Aprendizagem (D.A.), pois procuro ser atenciosa romper barreiras do rótulo que eles levam. Eu acredito que elas precisam de mais atenção, e mais carinho e motivação em casa e na escola.” (Relato da professora (bolsista) E. B.)
“No começo tive dificuldade em me relacionar, mas fui aprendendo com eles como ministrar uma aula e a melhor maneira de ter um bom relacionamento com os alunos.” (Relato da professora (bolsista) H. F.)

Foto 1 – Alunos do projeto em atividades na sala de aula.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio de estudos, percebe-se que a relação do professor e dos alunos com D. A., tem efeitos que se prolongam por toda a vida de forma positiva ou negativa. Em consequência, na fase adulta não estará fortalecido ou não terá forças de superar as dificuldades como efeito de sua formação do ser humano que luta pelo seu crescimento.

REFERÊNCIAS

COLLARES, C.A.L. e Moysés, M.A.A. A história não contada dos Disturbios de Aprendizagem. Cadernos CEDES, nº 28, Campinas: Papirus, 1993.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 2009.

HAYDT, Regina. Curso de Didática Geral. 8ª Ed. São Paulo: Ática, 2006.

KULLOK, Maisa Gomes Brandão (org). Relação Professor-aluno: Contribuições á prática da pedagógica. Maceió: Edufal, 20002.

MOOGEN,S. Dificuldades ou transtornos de aprendizagem. IN: Rubstein, E. (org). Psicopedagogia: uma prática diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
SANTOS, Teobaldo Miranda. Noções de Filosofia da Educação: O educando e o educador. 7 ed. São Paulo: Nacional, 1957.

TARDELLI, Denise D’ Aurea. O Respeito em Sala de Aula. Petrópolis RJ: Vozes, 2003.            



[1] Acadêmica do 2.º ano, turno Vespertino, do Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIUV. Bolsista no Subprojeto Mão Amiga desde 2012.
[2] Mestre em Educação, Coordenadora do Projeto Mão Amiga.
[3] O Subprojeto Mão Amiga do Curso de Pedagogia da UNESPAR- FAFIUV é parte integrante do projeto Ações em Sociedade: Observações na natureza financiado pelo Programa de Iniciação à Docência PIBID-CAPES.

Trabalho publicado no II Encontro PIBID/UNESPAR.
Educação Básica e Ensino Superior: Interrelações para a produção do conhecimento.
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