Nos dias 26 e 27 de setembro de 2014 ocorreu, em Caiobá e Paranaguá, respectivamente, o I Seminário e III Encontro PIBID da UNESPAR. Um dos pontos altos do evento foi a conferência de abertura proferida por António Nóvoa. Diante desse convite irrecusável, o projeto Mão Amiga, do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná, campus de União da Vitória, marcou presença e aproveitou para registrar, no papel, em fotos e na lembrança, as considerações pontuadas pelo palestrante.
Além disso, uma das coordenadoras de área do Projeto Mão Amiga, professora Dr.ª Kelen dos Santos Junges, foi convidada a apresentar ao público presente o conferencista da noite. Abaixo temos o dimensionamento que dá-nos um panorama do currículo de Nóvoa. Salientamos que o texto abaixo é da autoria da professora Kelen:
A afirmação “ensinamos aquilo que somos e que, naquilo que somos, se encontra muito daquilo que ensinamos” essa é uma das máximas do Professor António Sampaio da Nóvoa, ou António Nóvoa como é mais conhecido profissionalmente.
Nóvoa é Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra na Suíça e Doutor em História pela Universidade de Paris IV – Sorbonne.
É professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Foi Reitor da Universidade de Lisboa entre 2006 e 2013. Em 2014 recebeu o título de Reitor Honorário dessa mesma Universidade.
Tem ampla experiência em universidades europeias e americanas nas áreas de educação e formação de professores, tanto na investigação como na colaboração em programas de pós-graduação, sendo, portanto, um dos intelectuais de maior circulação internacional no debate pedagógico atual, propagando sua premissa de que “A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando”.
Com a ideia de que “qualquer projeto de formação transporta uma “utopia”, que não é a imagem do impossível, mas a introdução no presente de uma outra maneira de pensar e de viver a educação”, publicou mais de uma centena de trabalhos científicos na área da Educação - em particular sobre temáticas da profissão e formação docente, da história da educação e da educação comparada, em diversos países, nomeadamente Portugal, Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Reino Unido e Suíça.
Entre seus livros, os mais conhecidos no Brasil são “Profissão Professor”, “Vidas de Professores”, “Os professores e sua formação” e, o mais recente, “Professores: imagens do futuro presente”.
Ainda neste ano, em uma temporada na Universidade de Brasília, prestou consultoria a UNESCO, com uma pesquisa sobre a formação dos professores no ensino da Educação Básica brasileira, a partir da qual apresentará um “Plano de Desenvolvimento dos Professores do Brasil”.
Enfim, sabem aquele “guru” português, que quem é professor, e especialmente, quem estuda e trabalha com a formação de professores precisa conhecer? Esse é António Nóvoa.
A fala do professor Nóvoa, intitulada “Formar professores para o futuro”, foi muito significativa a todos os pibidianos, com ênfase aos do Mão Amiga. A essência do discurso recaiu sobre a metáfora do quadro-negro, comparando a imponência do quadro de outrora com a multiplicidade tecnológica do de hoje, tecendo nesse preâmbulo o paralelo do “vazio” para o “cheio”; do “fixo” para o “móvel” e do “vertical” ao “horizontal”.
Com isso, Nóvoa trouxe à tona a discussão de que está acontecendo uma significativa mudança no conhecimento e na aprendizagem, fator que faz emergir três revoluções significativas: na pedagogia, na escola e na profissão. Nesse tocante, a ideia do ensino pautar-se essencialmente na premissa de transmissão de conhecimento está sendo atenuada em prol de um ensino dinâmico, em que prospere a apropriação do saber e da compreensão. Logo, o desafio que nos é posto é o de darmos corporeidade a uma pedagogia da inteligência, ou seja, à pedagogia do conhecimento.
Outro ponto delineado é que a aprendizagem está saindo da dinâmica do espaço fixo e limitante e rumando a espaços físicos, virtuais e interativos. As quatro paredes da sala de aula já não dão conta de atenderem a demanda do saber e do aprender, por isso a escola precisa abrir espaços mais amplos e que deem conta do desafio hoje imposto. Além disso, outro desafio é o da instituição escolar materializar a pedagogia do diálogo, tendo em vista que vivemos em rede.
No que se refere aos professores, a mudança está vinculada à atenuação da pedagogia vertical, onde a fala partia do educador e ecoava pela turma. O que está em voga é a coordenação horizontal, onde o fazer docente respalda-se no todo, dando visibilidade a uma vivência que permite que todos os professores trabalhem em consenso: assim, colaborar é a palavra-chave.
Nesse viés, em linhas conclusivas, Nóvoa pontua que é mister “trazer a profissão docente para dentro da formação de professores”, pois é na profissão que deve existir a confluência entre as dimensões teóricas e práticas. Por conta do exposto, Nóvoa adverte que não devemos pensar na dissociação entre teoria e prática, como se fossem duas margens de um rio; devemos concebê-las como a terceira margem que é, logicamente, o rio e toda a sua exuberância conteudística, dinâmica e progressiva.
Dialogando com essa fala, o projeto Mão Amiga levou ao evento vinte e nove trabalhos de pesquisa, divididos entre bolsistas, supervisoras e coordenadoras de área, e que tiveram e têm como fio condutor atingir a terceira margem do rio, exteriorizando o elo possível e basilar que há entre o Ensino Superior e Educação Básica.
Texto escrito por: Simone Luiza Kovalczuk
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