Cena do filme Como Estrelas na Terra - Toda criança é especial.
Comecemos a análise do filme Como estrelas na terra – Toda criança é especial trazendo à tona o primeiro tópico de explanação: Ishaan, uma criança disléxica, nos conduz a sua história de um modo único e surpreendente. Assim, logo de início, é notável a mudança de comportamento do menino frente aos diversos ambientes que frequenta. Em casa, observa-se que Ishaan aprecia muito desenhar, brincar e viajar junto à imaginação, porém, ao mesmo tempo tem alguns ímpetos de mau comportamento sempre que seus pais o reprimem ou chamam a atenção. Na escola, dado o seu desinteresse pelo local – desinteresse advindo da sua dificuldade em aprender – Ishaan cria mecanismos de defesa apoiados na indisciplina. Nos demais lugares, principalmente nos externos, percebemos uma criança encantada com o mundo que a cerca.
Voltando o foco ao tratamento destinado à criança, observamos que no âmbito familiar impera o amor, no entanto, esses momentos são intercalados com a ausência de paciência para entender/compreender as atitudes do filho mais novo. A mãe ao passo que é extremamente carinhosa, também protagoniza cenas em que repreende o caçula. O pai, ao não saber o que fazer, passa à agressão. O irmão mais velho, por sua vez, tem uma excelente relação com Ishaan.
Já na escola, as professoras, ao depararem-se com a aversão do menino às lições, às aulas e aos estudos o mandam, como forma de castigo, para fora da sala de aula e/ou o repreendem utilizando o maior tom de voz possível. Elas não entendem como Ishaan não retém os conhecimentos da mesma forma que todos os demais alunos o fazem, assim veem com bons olhos a ida dele para o colégio interno, pois a escola na qual estava inserido não via possibilidades de “salvação” para o menino.
A decisão do pai em colocar a criança em um colégio interno estava atrelada ao desespero de pensar que o filho humilharia a família caso reprovasse mais uma vez. Além do mais, como priorizava em demasia o status oriundo do bom desempenho escolar, não conseguia conceber que quem não se destacasse nesse sentido pudesse ter um futuro promissor na sociedade. Ishaan sofre muito nas primeiras semanas e perde, inclusive, a vontade de desenhar e pintar e passa a ser uma criança profundamente deprimida. É nesse contexto que entra em cena a figura de um professor temporário, Ram, o qual substituíra o temível professor de Artes.
É o silêncio e a tristeza de Ishaan que fazem com que Ram interesse-se pelo caso e chegue à conclusão de que o aluno era disléxico. O professor empreende, então, uma luta para ajudar o menino, indo atrás da família e solicitando o respaldo da direção.
A metodologia do novo professor, no que compete ao atendimento de Ishaan, está pautada em auxiliar o menino a dar “um passo de cada vez”. As aulas, realizadas em horário diferenciado do escolar, primavam por envolver o aluno ao ponto de conduzi-lo a uma visível melhora. Notamos a “evolução”, por exemplo, na mudança da grafia da criança – antes distorcida, depois uniforme e bem delineada -, no traçar do número 8 (de início, um enorme espaço era destinado à escrita, mas com o tempo Ishaan traça o número em um espaço mínimo e consegue fazê-lo lindamente). É aos poucos que o aluno vai perdendo o medo pelo mundo das palavras e começa a ler e a entender, inclusive os avisos/comunicados expressos no mural da escola. Percebemos que a metodologia empregada surte um efeito positivo justamente porque o professor sabia como proceder diante da dislexia, dado que ele próprio defrontara-se com esse problema na sua infância.
Uma das partes mais encantadoras do filme é quando o professor dedica uma aula para falar sobre a dislexia (as palavras dançantes), estruturando a sua fala na exposição de nomes de pessoas internacionalmente conhecidas, tais como: Thomas Édison, Leonardo da Vinci, Ágatha Cristhie, entre outros. Ao citá-las, salientava a contribuição das mesmas para com o mundo, afinal nem sempre as “pedras preciosas” são aquelas que se destacam na escola. Ao findar da aula, a sós com Ishaan, Ram revela que não citara o próprio nome e conta a sua história. É nesse momento que a conexão entre professor e aluno tem início e se consolida. Nessa cena, Ishaan percebe que havia uma justificativa para o seu “não aprender” e que era possível transpor essa barreira, pois alguém sabia como conduzi-lo rumo à aprendizagem ou, em outras palavras, ele não estava mais sozinho. Daí para frente, visualizamos uma criança que se entrega à tentativa de aprender e que volta a ter motivos para sorrir, tendo como porto seguro os ensinamentos e o apoio do professor/amigo.
É detectável o quanto a escola e o corpo docente mudam, para melhor, conforme Ishaan é reintroduzido no âmbito educacional. As pessoas ficam mais leves, mais agradáveis, mais receptivas.
O filme Como estrelas na terra – Toda criança é especial obriga-nos a repensarmos o nosso papel enquanto educadores, além de dar-nos subsídio para que pensemos infinitamente sobre os problemas e as potencialidades presentes no espaço escolar. A breve análise aqui realizada não contempla todos os vieses possíveis de discussão, dado que são muitos. No entanto, o objetivo maior que era o de salientar a essência da história foi atingido.
Por fim, enfoquemos as cenas finais: o contentamento dos pais quando perceberam a mudança do filho, o reconhecimento do pai – regado pelo choro – ao trabalho do educador, o brincar alegre de Ishaan junto ao irmão e, o mais emocionante, o abraço apertado entre professor e aluno.
O filme evidencia, magistralmente, o quanto cada criança é especial e o quão importante é os professores visarem a sempre deixarem-na brilhar.
Escrito por: Simone Luiza Kovalczuk, Bolsista do subprojeto Mão Amiga.
3 Comentários :
Muito bem escrito!
Parabéns pelo belíssimo texto Simone!
E realmente,indico este filme porque além de emocionante, provoca uma reflexão sobre a nossa prática docente.
o filme e belissimo .indico a todos os professores para q possam ficarem mais atento a seus alunos evitando q muits crianças sofran por nao serem entendidas en sua unicidade.
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