Poliana Roberta de Miranda[1]
polianamiranda@hotmail.com
Orientadora:
Ms. Rosana Beatriz Ansai[2]
ansairosana@yahoo.com.br
UNESPAR/FAFIUV, CAPES/PIBID, SUBPROJETO MÃO AMIGA
1 INTRODUÇÃO
Como acadêmicas do curso de Pedagogia da
UNESPAR/FAFI/UV, estudamos que a aprendizagem é um processo que ocorre em
várias etapas da vida e consiste na aquisição de informações. Como bolsista
pibidiana do projeto Mão Amiga[3],
e a partir desse contexto teórico, verificamos que um dos fatores que
influenciam o processo de ensino e aprendizagem, é a relação que os alunos têm
com a família. A partir das experiências docentes no projeto, acredita-se que umas
das disfunções que levam o aluno a ter dificuldades de aprendizagem são de
ordem afetiva e advém do tipo de convívio que o aprendiz tem dentro de casa, ou
seja, no meio familiar.
O estudo tem por objetivo evidenciar a
importância da relação familiar, principalmente dos alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem, com base em experiências e saberes docentes vivenciados
no projeto Mão Amiga durante o ano letivo de 2012, em uma escola parceira de
grande porte situada no bairro São Cristóvão na Escola Municipal Professor José
Moura.
A
metodologia consiste em uma pesquisa bibliográfica com base nas experiências
vivenciadas no Projeto Mão Amiga. Com base no que Marconi e Lakatos (2002, p.18) evidenciam, o estudo se situa no campo da
pesquisa social, onde “a pesquisa social é um processo que utiliza metodologia
científica, por meio da qual se podem obter novos conhecimentos no campo da
realidade social”.
2
DESENVOLVIMENTO
Fonseca (1995, p.92) afirma que “a
criança com Dificuldades de Aprendizagem (DA) não é uma criança deficiente”.
Portanto a criança, segundo informa Fonseca (idem), possui um conjunto de
condutas desviantes em relação à população escolar em geral, pois se trata de
uma criança normal em alguns aspectos que por si só exigem processos de
aprendizagem que não se encontram disponíveis e ao seu alcance, onde vários
fatores influenciam neste processo, ou seja, existem alunos que por diferentes
motivos, não acompanham seus pares, independente do nível de complexidade dos
conteúdos ou da metodologia utilizada naquele contexto específico. Mas a
dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio que pode ser gerado por
uma série de problemas cognitivos, emocionais ou neurológicos, que podem afetar
qualquer área do desempenho escolar.
Frente a isso, entendemos que a família
tem suma importância neste processo para que o aluno desempenhe um papel eficaz
na construção do saber. De acordo com Almeida (1999 p.45). “[...] as relações
familiares exercem um papel ordenador para a vida da criança. Daqui resulta o
importante papel do meio para a evolução da criança”.
Segundo Golbert e Moojen,
(2000, p.79-78):
Grande
parte das crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam impulsividade,
desajeitamento, desatenção, falhas na integração perceptiva, na memória, no
pensamento e na linguagem, que, sem dúvida, perturbam as aquisições escolares.
Tais comportamentos podem tanto ser causa como consequência de dificuldades na
aprendizagem.
É relevante, para os fundamentos dos
saberes docentes, a compreensão das dificuldades de aprendizagem a partir das
relações interpessoais e afetivas que são constituídas a nível familiar. Drouet
(1976, p.163) destaca:
A
personalidade da criança vai se transformando à medida que ela interage com o
meio físico e social em que vive, desenvolve-se com o seu crescimento físico,
vai se modificando com as sucessivas interações e se expressa através dos
diferentes comportamentos, nos relacionamentos sociais e nas ligações afetivas.
(DROUET,
1976 p. 163)
Em ambos os contextos, a melhor
compreensão das dificuldades apresentadas pela criança, auxilia o processo de
viabilização de soluções. No entanto, há de se perceber a interligação que deve
existir entre escola e família, pois juntas poderão reconhecer e trabalhar as
dificuldades de maneira a modificar o quadro que se apresente. Smith e Strick
(2012, p.82) afirmam que:
[...]
é importante lembrar que as atitudes dos pais têm um impacto importante sobre a
autoestima das crianças. Infelizmente, alguns pais de crianças com dificuldades
de aprendizagem promovem a impotência com suas baixas expectativas.
Neste sentido, os pais principalmente de
alunos com dificuldades de aprendizagem, mantenham uma atitude positiva e incentivadora,
mostrando que poderão superá-las, com incentivo, e também mostrando a autoconfiança,
de modo que a criança esteja disposta a ajudar-se.
Como
bolsista pibidiana observa-se a importante relação dos conhecimentos teóricos
socializados no curso de Pedagogia no contexto social e real dos alunos. Uma
destas constatações foi quanto à afetividade dos alunos, onde dois casos
chamaram a atenção. A aluna J. pertencia a uma família humilde composta com
sete irmãos, onde a situação econômica da família era: a mãe precisava
trabalhar pra o sustento da casa, o pai viajava a trabalho e mandava dinheiro
todo mês; e com os pais trabalhando, esta aluna ficava sob os cuidados dos
irmãos. Porém, era muito aplicada, estava sempre disposta a aprender, não faltava
em qualquer circunstância às aulas do nosso projeto, uma aluna carinhosa, suas
dificuldades de aprendizagem eram mínimas. No exercício da docência nas aulas
do projeto Mão Amiga o que se podia perceber era sobre as relações afetivas
desta aluninha, uma vez que ela demonstrava precisar mais do apoio dos pais em
relação à escola, assim ela apegava-se afetivamente aos professores.
Contrapondo-se
ao caso da aluna J., temos o caso do aluno L. que vinha de uma família com
estabilidade afetiva muito favorável. A família era nuclear composta pela mãe que
trabalhava em uma loja, pelo pai que era caminhoneiro, e por mais dois irmãos.
Os pais sempre ocupados com seus afazeres laborais, para compensar sua falta em
casa no período em que estavam trabalhando, demonstravam dar do bom e do melhor
para os filhos. Assim compraram computador, vídeo game, etc. Só havia um
problema: não delimitavam o tempo que seus filhos ficavam na internet, por
exemplo. Nas aulas do projeto, o aluno L. demonstrava ser muito inteligente e
comunicativo, conhecia muitas coisas do mundo geográfico e social, pois viajava
com seu pai para várias partes do Brasil. Muitas vezes, ele relatava nas nossas
aulas que ficava no computador ou jogando vídeo game, até altas horas da
madrugada, sem saber que isso poderia prejudicá-lo mais tarde. Assim pode-se
perceber que embora os casos sejam diferentes, mas se resumem em uma única
abordagem: a falta de orientação e atenção por parte dos pais, e era o que
resultava no baixo desempenho no processo de apreensão das aprendizagens
escolares desses alunos. Portanto, concordamos com Smith
e Strick (2012, p.17) quando assinalam que:
O primeiro ponto importante é que os pais não são
impotentes- muito pelo contrário. Esta comprovado que os estudantes mais
propensos a ter sucesso são aqueles que têm pais informados e incentivadores ao
seu lado. Esse fator supera a qualidade do programa escolar ou a gravidade do
próprio déficit em importância.
Atualmente,
os pais tendem a trabalhar mais para garantir o sustento da família, cumprindo
cargas excessivas de trabalho, sem poder, no entanto, participar ativamente na
vida dos filhos, principalmente a vida escolar, onde muitas vezes uma simples
conversa, acompanhando os afazeres dos filhos, com relação as tarefas escolares,
são de suma importância para que os professores e pais desempenhem um papel
eficaz na construção do saber podendo, muitas vezes modificar a realidade do
fracasso escolar.
3
CONSIDERAÇOES FINAIS
Como bolsista pibidiana constatamos, a
partir da docência assistida nas aulas do projeto, que as interrelações
positivas em sala de aula, promovem um ambiente mais agradável e com isso
possibilitam a oportunidade de um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz e
significativo. Portanto, é necessário conhecermos a importância da questão
familiar em que estes alunos estão inseridos, para que esse processo torne se
mais significativo ainda. Que esses saberes sejam construídos de maneira
gradativamente não só na vida escolar, mas também para a vida.
Com base nas experiências vivenciadas no
Projeto Mão Amiga, obtivemos uma importante troca de conhecimentos e contato
com a realidade dos alunos com dificuldades de aprendizagens, onde muitos não
recebem a devida atenção por parte dos pais.
De outro modo, entendemos a partir de
nossas vivências dos saberes docentes que boas relações afetivas entre
professores e alunos podem se manifestar por meio do diálogo, da troca, da paciência,
da compreensão, da tolerância, entre outros comportamentos que devem ser
manifestado pelo professor. Portanto, entendemos que a família, como mediadora
desse processo, precisa trabalhar conjuntamente com a escola, pois se mantiver
esse contato, certamente teremos bons resultados com os alunos no processo
ensino-aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA,
Ana Rita Silva. A emoção na sala de
aula. 2.ed. São Paulo: Papirus, 1999.
DROUET,
Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da
aprendizagem. São Paulo: Ática, 1976.
FONSECA,
Vitor da. Introdução às Dificuldades de
Aprendizagem. 2.ed. Porto Alegre: Artes médicas, 1995.
GOLBERT,
Clarissa Selingman.; MOOJEN, Sônia Maria Pallaoro. Dificuldades na aprendizagem
escolar. In: SUKIENNIK, Paulo Berél (org.). Aluno problema: Transtornos emocionais de crianças e adolescentes.
2.ed. Porto Alegre: Mercado aberto, 2000.
MARCONI,
Marina de Andrade., LAKATOS, Eva Maria. Técnicas
de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SEAGOE,
May V. O processo da aprendizagem e a
prática escolar. Tradução de José Severo de Camargo Pereira e Marylene
Bonini. São Paulo: Nacional, 1972.
SMITH,
Corinne.; STRICK, Lisa. Dificuldades de
aprendizagens de A-Z: guia completo para educadores e pais. Tradução de:
Magda França Lopes. Porto Alegre: Penso, 2012.
[2] Mestre em Educação, Coordenadora do
Projeto Mão Amiga.
[3]
O Projeto Mão Amiga do
Curso de Pedagogia da UNESPAR/FAFIUV é parte integrante do Projeto Ações em Sociedade: observações na natureza, financiado pelo Programa de Iniciação à
Docência- PIBID/CAPES.
Trabalho publicado no II Encontro PIBID/UNESPAR.
Educação Básica e Ensino Superior: Interrelações para a produção do conhecimento.
1 Comentários :
Um trabalho de grande importância, pois a família é o primeiro vínculo que as crianças tem antes de ir para a escola. Por isso torna-se necessário ter um bom relacionamento com a família para que possamos muitas vezes entender nossos alunos.
Polina
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