ALVES, Eliada[1]
eliadaalves123@hotmail.com
ANSAI, Rosana
Beatriz[2]
UNESPAR/FAFIUV, CAPES/PIBID, SUBPROJETO MÃO AMIGA
INTRODUÇÃO
O presente artigo
trata-se de um relato de experiência a partir das vivências docentes adquiridas
pelas bolsistas do subprojeto Mão Amiga[3].
Este estudo consiste em um relato de experiência da escola Municipal Professor
José Moura, tendo como apoio um embasamento teórico-bibliográfico. Dentro da
nossa formação docente, o projeto nos coloca em contato com o chão da escola e
em contato direto com crianças com dificuldade de aprendizagem, possibilitando
o aperfeiçoamento da nossa prática e saberes construídos no curso de Pedagogia
da UNESPAR/FAFIUV. O relato de
experiência visa a destacar o nosso trabalho, as aprendizagens construídas e
também as dificuldades que nele encontramos ao longo do tempo de atuação no
projeto.
DESENVOLVIMENTO
Os
professores, no exercício da profissão, sabem da importância da prática
educativa competente e como ela interfere diretamente no aprendizado dos
alunos. Freire (2011, p.40) aborda a importância dessa reflexão quando diz que:
“[...] é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática”.
Como estudante do curso de Pedagogia e
bolsista pibidiana, constata-se que em nossa formação há várias lacunas e uma
delas é o pouco tempo, na forma da lei, que é dado à prática educativa no chão
da escola. Devido a essa lacuna, quando vamos para sala de aula e nos deparamos
com alunos com dificuldades de aprendizagem, pode-se correr o risco de ficar
sem ação diante disso. De acordo com Carrera (2009, p.93), “O termo transtornos
de aprendizagem descreve um transtorno neurobiológico pelo qual o cérebro
humano funciona ou é estruturado de maneira diferente. Estas diferenças
interferem na capacidade de pensar e recordar”.
Devido
à nossa atuação no subprojeto Mão Amiga, nós acadêmicas bolsistas temos a
oportunidade de construir a consciência que na prática docente temos que
apresentar as ferramentas pedagógicas de forma competente para que a criança
aprenda e, a partir disso, entendermos que a criança constrói sozinha o
conhecimento, mediatizada pelo mundo. Por isso, concordamos com Freire (2011,
p.24) quando afirma que “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para sua produção e construção”.
Observarmos,
no exercício da docência no subprojeto Mão Amiga, que a origem da dificuldade
de muitos alunos advém do fator emocional. Famílias desestruturadas que não
ofertam atenção e carinho aos filhos, dão origem a alunos que não têm vontade
de aprender, não por incapacidade, mas porque não há motivação familiar.
É
nítida a falta da participação dos pais na vida escolar de seus filhos, tanto
que o principal fator que auxilia na evasão escolar e frequência nas aulas em
contraturno do subprojeto, é a falta de acompanhamento dos pais. O parágrafo único do
Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) aborda isso
quando coloca que: “é direito dos pais ou
responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da
definição das propostas educacionais”.
Um
de nossos aprendizados construídos a partir de nossa atuação no projeto foi o
da importância de ser um professor pesquisador. Por meio da pesquisa temos
contato com várias teorias, que podemos de alguma forma, aliar à nossa prática,
fazendo uma reflexão sobre a nossa forma de ensino. Isso faz com que repensemos
a visão de mundo e de educação e lutemos contra as injustiças sociais por meio
de nosso instrumento de trabalho: a formação de pessoas por meio da educação
escolar.
O
planejamento das aulas de forma competente é outra aprendizagem que construímos
no subprojeto Mão Amiga. Nos nossos encontros de Trabalho Coletivo elaboramos
nossos planejamentos dedicação e motivação especial, sempre voltados de forma
que atenda a dificuldade e as necessidades de cada aluno. Para isso temos
Formulário de Avaliação de Dificuldades de Aprendizagem FADA (ANSAI et al, 2012
)que é o formulário que nos ajuda na construção do planejamento das aulas de
forma competente e que nos desafia a pesquisar e elaborar leituras sobre como
proceder com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem na escola.
O
projeto faz uso de várias formas de ensinar e aprender para facilitar a
construção deste processo e um dessas formas é o uso do lúdico. Através dos
jogos e brincadeiras pedagógicas, pode-se notar o interesse da criança pelo
aprender. Sabe-se que a criança pode aprender brincando. Por isso concordamos
com Bossa (2000, p.111) quando ensina que:
[...]
Do ponto de vista cognitivo, significa avia de acesso ao saber. No jogo se faz
próprio o conhecimento que é do outro, constituindo o saber. Conforme aponta
Fernandez, ”não pode haver construção do saber se não se joga com o
conhecimento numa construção pessoal relacionada com o fazer.
Outro
fator que nos leva a aprendizagens significativas como bolsistas docentes, são
as relações afetivas que mantemos com nossos alunos, pois como são poucos os
atendidos por vez, esta relação pode ser diferenciada. Procuramos criar um laço
de amizade e confiança com eles, porque acreditamos que a afetividade é um
fator importante no ensino-aprendizagem. Deste modo, Nóvoa (1991, p.34), salienta que “não é possível construir
um conhecimento pedagógico para além dos professores, isto é, que ignore
as dimensões pessoais e profissionais do trabalho docente [.....]”.
Constatamos que a liberdade que existe entre o professor e o
aluno é o fator fundamental numa relação que exige respeito. Lembremo-nos de
que o professor não é o detentor de todo o saber; assim devemos aproveitar e
respeitar o conhecimento que o aluno já tem.
Muitas das
crianças têm dificuldade de socialização, mas quando frequentam as aulas em
contraturno do subprojeto, criam laços de amizade com as bolsistas docentes e
sofrem mudanças de comportamento e conseqüentemente passam a apresentar um
avanço notório no desempenho escolar. A partir destas constatações aprendemos
na prática que o fator emocional e as relações afetivas do par educativo
influenciam na relação professor-aluno e no desempenho escolar deste par.
METODOLOGIA
A
perspectiva metodológica adotada nesta pesquisa é um
relato de experiência. Procuramos expor nossas vivências docentes e os desafios
enfrentados durante nossa atuação no subprojeto Mão Amiga. Esta pesquisa teve
como apoio teórico-bibliográfico livros dispostos na biblioteca Dante
de Jesus Augusto que é parte integrante da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras, localizada no município de União da Vitória - PR.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante
a elaboração deste trabalho, buscamos de maneira clara e concisa formas para
que pudéssemos expor nossas vivências docentes adquiridas durante nossa
participação no subprojeto Mão Amiga. Também ficou
evidente no decorrer das diversas fases do trabalho a importância de se ter contato
direto com o chão da escola assim como também a importância da pesquisa em nossa
formação. Os estudos teóricos e depoimentos foram úteis para o aprofundamento
da nossa pesquisa. Ficou clara a grande importância que o subprojeto tem em
nossa formação docente. Da mesma forma que esse estudo contribuiu para a
ampliação do nosso conhecimento, esperamos que ajude na reflexão sobre a
importância da prática docente.
REFERÊNCIAS
ANSAI, Rosana Beatriz (org.). Formulário de Avaliação de Dificuldades de
Aprendizagem (FADA). 2012.
BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil:
contribuições a partir da prática. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,
2000.
BRASIL,
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Brasília, Distrito Federal:
Senado, 1990.
CARRERA,
Gabriela. (Org.). Dificuldades de
Aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. São Paulo: Cultural, 2009.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
NÓVOA, Antonio. A Formação em foco:caminhos para você ensinar melhor.São Paulo:Cortez,1991.
[1] Graduanda
do 2º ano de Pedagogia. Bolsista PIBID desde 2012.
[2] Mestre
em Educação, Coordenadora do subprojeto Mão Amiga.
Trabalho publicado no II Encontro PIBID/UNESPAR.
Educação Básica e Ensino Superior: Interrelações para a produção do conhecimento.
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